Hoje vamos mudar um pouco de assunto. Diante do cenário atual com alta da moeda americana e desvalorização da moeda nacional, um dos impactos é o aumento no preço dos insumos agropecuários, principalmente na adubação. Por esse motivo o tema desta semana é Fertilidade do solo e nutrientes para as plantas.
A agricultura brasileira experimentou um desenvolvimento sem precedentes nos últimos 100 anos. Entre as causas, as inovações tecnológicas resultantes de inúmeras pesquisas e da difusão do uso dessas técnicas. Segundo dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), cada tonelada de fertilizante mineral aplicado por hectare, quando aplicados de acordo com princípios que permitam sua máxima eficiência, equivale à produção de quatro novos hectares sem adubação.
A preocupação com a adubação das culturas é milenar. Na Mesopotâmia, a cerca de 2500 aC (antes de Cristo), documentos mencionam a fertilidade da terra e sua relação com a produtividade de cevada, em uma relação de uma unidade de semente plantada para 86 a 300 unidades colhidas. Este deve ser também o mais antigo relato que menciona produtividade.
Ainda na antiguidade, o historiador de nome Xenofonte (434 a 355 aC), ao visitar uma cidade que se encontrava com sua economia fragilizada, observou que “o estado tinha ido às ruínas” por que “alguém não sabia que era importante aplicar esterco à terra”. E ainda completa, “... não existe nada tão bom como o esterco”.
Mas foi somente em 1862 que o alemão Justus von Liebig (1803-1873), pai da química agrícola, ditou uma das leis mais famosas da fertilidade, a Lei do Mínimo, onde ele explica que “a produção agrícola não pode ser maior do que o possibilitado pelo nutriente que se encontra em estado de mínimo em relação às exigências do vegetal”, que em termos simples, significa dizer, por exemplo, que não adianta ter nitrogênio na quantidade certa se está faltando enxofre.
E aproveitando a questão, você sabe quais são os nutrientes considerados essenciais para a planta?
Os elementos considerados essenciais ao crescimento vegetal são em um total de 17 nutrientes: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O), Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S), Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Níquel (Ni) e Zinco (Zn). Se lembramos que a tabela periódica tem 118 elementos químicos reconhecidos, 17 nutrientes não é uma quantidade tão grande assim.
O C, H e O, apesar de serem elementos essenciais, são supridos via gás carbônico na fotossíntese e, via água absorvida pelas raízes. Os outros 14 nutrientes são todos disponibilizados via adubação, fixação biológica ou estão naturalmente disponíveis no solo conforme o material de origem (em Santo Augusto e região, esse material de origem é o basalto).
E mesmo que algumas pessoas só se lembrem do trio nitrogênio–fósforo–potássio (NPK), todos os nutrientes são necessários, pois a deficiência de qualquer um deles impede que a planta complete o seu ciclo vital, já que os nutrientes participam diretamente no metabolismo da planta e eles não podem ser substituídos por outros elementos químicos com propriedades similares.
Portanto, se queremos ter uma produção eficiente, devemos cuidar para que todos os elementos nutritivos sejam disponibilizados para a cultura dentro das doses recomendadas pelo técnico em agropecuária ou pelo engenheiro agrônomo. E não adianta querer compensar com um ou outro adubo, pois o nutriente que se encontra em deficiência é que determina a produtividade, mesmo com abundancia de um dos outros nutrientes no solo.
Uma adubação eficiente e balanceada, realizada com base em uma boa análise de solo, e aplicada nos momentos certos de acordo com os conhecimentos da assistência técnica da sua lavoura, vai minimizar os custos e aumentar a produção.
Aliados a uma boa genética de semente, um manejo de lavoura correto e uma ajudinha do clima, sua lavoura e o seu sono estarão garantidos. E lembre-se, uma planta é como uma pessoa se estiver bem nutrida, as possibilidades de ficar doente são bem menores e os resultados do trabalho serão sempre os melhores.
Tenham uma boa semana e até a próxima. E não se esqueçam de visitar a minha página em crisnunessantos.pro.br
Cristiano Nunes dos Santos
Professor do IFFar – Campus Santo Augusto
Post da Coluna Agricultura em Foco no site Querência Online - Fertilidade do solo e nutrientes para as plantas
Comments